A Arte de Pedro Américo
- Anapuena Havena
- há 3 dias
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Por Leôncio de Aguiar Vasconcellos Filho -– Membro Acadêmico da ABHL

Desde muito cedo este acadêmico foi posto em contato com as artes.
A primeira lembrança data de muito cedo: foi no Museu Nacional de Belas Artes, na década de 1980 (depois, houve um pessoal retorno em 2002). O quadro mais marcante foi "A Batalha do Avaí", expositor de uma das mais emblemáticas intempéries da Guerra do Paraguai, num embate que continha tropas brasileiras, de um lado, e paraguaias, no espectro adverso e ocorrida em dezembro de 1868.
A obra fora produzida pelo ilustre Pedro Américo, não somente pintor, mas polímata portador de diversos dotes, desde a literatura à filosofia. Formado na Academia Imperial de Belas Artes, também aperfeiçoou-se em Paris, bem como perfez outros e demais monumentos, além do aqui discutido, em solo florentino (depois, seriam trazidos ao Brasil).
O quadro em nada deixa a desejar. Com um estilo sóbrio e a exposição de uma genérica cena de combate, crucial na história de duas nações (vez que, naquele específico episódio, argentinos e uruguaios não estiveram presentes), possui um trágico, porém sóbrio, realismo (e, não, surrealismo, como o que fariam, décadas mais tarde, artistas como Salvador Dalí, e que consistia em abstrações homéricas da realidade).
Assim, não houve a intenção de espetaculizar o sofrimento de milhares, vez que de (e do) sofrimento se faz a história. Ocorreu, por meio do uso de tintas escuras e numa sombria, bucólica e reflexiva mensagem, a transmissão de um "insight" sobre os evitáveis horrores impostos a milhares de individualidades, cujas somas comprometem inteiros grupos nacionais.
Não obstante a originalidade de tão grandiosa obra, respaldada por seu tamanho físico, bem como n'um pensamento realizador do autor (já que a pintura histórica revela, simultaneamente, a impossibilidade da presença física no evento retratado e a ausência de alegada falsidade daí conseguinte, já que arte e visão narrativa pessoal são, de modo atemporal, mescladas), não custa rememorar, a exemplo, um similar oriundo de idêntica singularidade, consistente em "A Batalha de Austerlitz", reveladora de um dos eventos decisivos no crepúsculo do Sacro Império Romano-Germânico, e à exposição no Museu do Louvre, em Paris.
Suas cores são mais vívidas que os de "A Batalha do Avaí", denotando um panorama menos sombrio, associado ao nacionalismo gaulês, numa visual comparação ao mais realista quadro de Américo, embora o último tenha sido, décadas adiante, materializado, numa revelação de que a história pode, e deve, também ser interpretada aos olhos dos inusuais gênios da arte onisciente.
Leôncio de Aguiar Vasconcellos Filho
Titular da Cadeira nº 21 da Academia Brasileira de História e Literatura (ABHL)
Patrono: Pedro Calmon




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