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A DEZEMBRADA

Batalha do Avaí – Pintura histórica de Pedro Américo ( 1872 - 1877)
Batalha do Avaí – Pintura histórica de Pedro Américo ( 1872 - 1877)

Era um domingo, 6 de dezembro de 1868. O calor era sufocante e o terreno, traiçoeiro. Se olharmos para trás, para os anais do nosso Império, veremos que foi exatamente nesse dia que a Guerra do Paraguai começou a escrever sua página final. Foi o dia em que o marquês de Caxias, num ato de suprema ousadia militar, deu início ao que, mais tarde, chamaríamos de “Dezembrada”.


Até aquele momento, a guerra se arrastava. Solano López sentia-se seguro atrás das linhas consideradas inexpugnáveis de Piquissiri. Mas ele subestimou a velha raposa militar brasileira. Caxias fez o improvável: marchou com o exército pelo Chaco, abriu caminho sobre pântanos onde ninguém imaginava ser possível passar e surgiu na retaguarda paraguaia, de surpresa.


O primeiro obstáculo dessa manobra foi justamente a Batalha de Itororó. Não foi um combate fácil. O objetivo era tomar uma pequena ponte sobre o arroio Itororó, um verdadeiro funil de morte, onde as tropas imperiais eram ceifadas pela artilharia inimiga. O desânimo começou a bater na tropa. Foi então que a figura do comandante, já idoso, fez a diferença. Caxias desembainhou a espada e lançou-se à frente, gritando a frase que hoje está gravada no bronze da nossa história:


Sigam-me os que forem brasileiros!


A ponte foi tomada. O arroio, contam os relatos, tingiu-se de vermelho. Mas Itororó foi apenas o estopim. Cinco dias depois, viria a Batalha do Avaí, sob chuva e lama, um combate violento. Em seguida, Lomas Valentinas, onde a resistência do exército regular paraguaio foi, enfim, quebrada antes do fim do ano.


Em menos de um mês, o Exército Imperial desmantelou o que restava do poderio militar de López e abriu caminho para a ocupação de Assunção.


Hoje, na Academia Brasileira de História e Literatura, relembramos não apenas a estratégia, mas também a fibra daqueles homens que, em um dezembro chuvoso e sangrento, escreveram uma das páginas decisivas — e mais duras e difíceis — da história do Brasil no Prata.


Uma homenagem ao historiador e designer gráfico Allan Fernandes


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No dia 15 de dezembro de 2018, recebemos, no Café Patriota — espaço histórico-cultural que fundamos em Fortaleza, Ceará — a palestra “A Dezembrada”, ministrada pelo historiador Allan Fernandes, grande amigo que se dedicou ao estudo da Guerra do Paraguai e, com generosidade, compartilhou conosco seu conhecimento.


Lamentavelmente, Allan não está mais em nosso meio para continuar dividindo o fruto de suas pesquisas. Se aqui estivesse, certamente hoje seria publicado um texto de sua autoria.


Nesta data, ao recordar a Dezembrada, queremos também homenagear o historiador e designer gráfico, amigo querido, que tanto abrilhantou os trabalhos do nosso espaço histórico e cultural com suas contribuições cheias de beleza estética e rico conteúdo.


Que esta publicação seja, ao mesmo tempo, memória da Dezembrada e registro da nossa gratidão ao legado de Allan Fernandes.


Anapuena Havena

2 comentários


Parabéns pelo texto

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Espero que continuem publicando. A iniciativa de vocês é extremamente necessária.

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