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A incrível sensação de reler um livro e fazer novas descobertas

Por Anapuena Havena



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Sempre me pego voltando a algumas leituras, revisitando certos livros e, por incrível que pareça, sou tocada de maneira diferente a cada retorno.


Os livros chegam à nossa vida em diferentes momentos: quando estamos na escola, na juventude, em momentos de descoberta ou de dor, e é natural associarmos cada leitura a uma época da nossa vida.


Porém, com o passar do tempo, quando abrimos o livro novamente, parece que aquela mesma obra mudou. Detalhes que antes passaram despercebidos agora nos saltam aos olhos, provocando uma nova sensação, uma nova experiência.


O interessante é saber que estão ali as mesmas frases, as mesmas páginas… e, ainda assim, algo soa diferente.


Percebi que reler um livro que nos marcou, seja um romance ou um poema, é reencontrar uma antiga versão de nós mesmos. Lembramos da época da leitura, da emoção que sentimos, e despertamos memórias.


Mas a releitura nos leva a novas descobertas; afinal, o olhar que tivemos aos quinze anos não é o mesmo aos trinta, quarenta ou sessenta. A personagem que antes despertava admiração pode agora causar estranhamento. Aquilo que passava despercebido, de repente, se torna detalhe importante.


Por isso, a releitura é um gesto profundamente literário e, ao mesmo tempo, profundamente humano. Ela nos permite reviver sentimentos, ao mesmo tempo que sinaliza o quanto mudamos.


Crescer também é aprender a ler de novo, com o olhar mais atento, com a percepção mais apurada. Afinal, a cada etapa da vida, abrimos o mesmo livro com perguntas diferentes, e essas perguntas vão ganhando novos significados à medida que o tempo passa.


Ao longo da nossa vida como leitores, também vamos adquirindo sensibilidade para escolher as obras que seguirão conosco como verdadeiras companheiras. Livros que estarão sempre ali, na nossa estante, e que sabemos exatamente onde encontrá-los, pelos quais nutrimos grande estima. E, toda vez que os visitarmos, sentiremos o prazer renovado, como se fosse a primeira vez.


E talvez seja isso mesmo...

A primeira vez dessa nossa nova versão, lendo o mesmo livro.


Em tempos de consumo acelerado de conteúdos e superficialidades, talvez um dos atos mais revolucionários do leitor seja voltar a um livro que o marcou. Não apenas para relembrar a leitura, mas para descobrir o que mudou dentro de si.


A literatura não existe apenas para ser consumida e esquecida. Ela pode ser esse espaço de retorno, em que voltamos, de tempos em tempos, para medir o quanto crescemos e, ainda, para descobrirmos novas sensações.

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